Por Rogério de Campos
O programa de TV de Doralis é um sucesso. As crianças adoram. Mas agora o programa está em perigo. Um jornal sensacionalista acaba de revelar que Doralis é lésbica. Segundo o jornal, a produtora do programa, Pipo, também é lésbica. Os anunciantes do programa, furiosos com a notícia, rompem os contratos de patrocínio. Uma investigação interna encomendada por Pipo, revela que duas pessoas da produção do programa estão municiando o tal jornal com informações. Uma é bem próxima de Pipo: é da família.
A outra é uma das assistentes de palco do programa, explicitamente criada à imagem das Paquitas.
“Sim, Doralis é inspirada na Xuxa, e nas imitadoras dela”, diz o quadrinista Gilbert Hernandez, autor de O Livro de Ofélia, quinto volume da série Palomar. O livro está em pré-venda.
O programa da Xuxa teve uma versão norte-americana no início dos anos 1990.
Nos Estados Unidos, as Paquitas eram chamadas de Pixies. Gilbert Hernandez desenha uma “pixie” loira, como eram as Paquitas do Brasil. Mas nos Estados Unidos, o programa da Xuxa tinha uma Pixie negra. No Brasil isso não aconteceu porque, segundo depoimento da Xuxa para o documentário Paquitas Para Sempre (Globoplay, 2024), a produtora do programa exigia que todas as Paquitas fossem loiras. Segundo Xuxa, “não era a imagem que a Marlene [Mattos, produtora] queria. Ela mesmo falava: ‘Imagino uma loira na frente e oito ou quatro atrás’. Era o que ela queria e era ela quem mandava”.
Rogério de Campos é autor de livros como Um Santo em Marte, O Segredo da Sedução do Inocente e Revanchismo.
