A matéria a seguir foi publicada no site ONU News Português em 24/06/2025 e pode ser conferida na íntegra aqui: https://news.un.org/pt/story/2025/06/1849896
Por Monica Grayley
Neste 24 de junho, a ONU celebra o Dia Internacional das Mulheres na Diplomacia.
Entre 1992 e 2019, as mulheres representavam apenas 13% dos negociadores, 6% dos mediadores e 6% dos signatários em processos de paz em todo o mundo.
Exclusão prejudica todos
Até o ano passado, 113 países nunca haviam sido liderados por mulheres como chefe de Estado ou governo. Atualmente, apenas 27 nações têm mulheres nessa posição.
A ONU News conversou sobre o tema com a escritora e jornalista, Angelica Kalil.
Autora do livro “Bertha Lutz e a Carta da ONU”, ela afirma que o modelo de mundo, dominado por homens, fracassou. E que seguir excluindo as mulheres dos espaços de decisão, seja diplomacia ou na política, prejudica toda a humanidade.
“A gente não fala de excluir. A gente fala de incluir. Incluir as mulheres nos debates e nas tomadas de decisão. E por que que isso é importante? Porque a gente está vendo que nesse mundo, onde só os homens decidem é um mundo que está em colapso. Não deu certo esse modelo. Para que a gente se encaminhe para um mundo de paz, de igualdade, de respeito entre os povos, as mulheres precisam também estar nos espaços de decisão política e escolher também os rumos da humanidade.”
Autora do livro “Bertha Lutz e a Carta da ONU”, Angelica Kalil afirma que o modelo de mundo, dominado por homens, fracassou.
Bertha Lutz: uma das 4 redatoras da Carta da ONU
A diplomata e cientista brasileira Bertha Lutz foi uma das quatro mulheres que firmaram a Carta da ONU, em 26 de junho de 1945, na cidade de São Francisco, nos Estados Unidos.
Ao lado de mais três mulheres: Minerva Bernardino, da República Dominicana; Virginia Gildersleeve, dos Estados Unidos e da chinesa Wu Yi-Fang, ela foi responsável pela redação e inclusão de direitos de mulheres e homens no documento.
Oito décadas depois, a ONU Mulheres alerta que somente 21% dos representantes permanentes ou embaixadores nas Nações Unidas são mulheres. Pelo menos 73 países-membros nunca tiveram uma representante feminina junto à ONU.
Ao ser perguntada sobre o que Bertha Lutz diria hoje a respeito dessa falta de avanço das mulheres no poder, a escritora Angelica Kalil diz que a diplomata brasileira estaria engajada com direitos da mulher e defesa do planeta.
A diplomata e cientista brasileira Bertha Lutz na conferência de São Francisco, nos Estados Unidos.
Monica Grayley é editora-chefe da ONU News Português